É preciso aliar responsabilidade social e crescimento econômico e, para isso, é preciso fazer diferente: inovar e aproveitar todas as oportunidades que a agenda ESG traz.
Alguns chamam de “movimento ESG” – Environmental, social and corporative governance em inglês, ou em língua portuguesa ASG: ambiental, social e governança, outros de parâmetros ESG, mas podemos defini-los como diretrizes ESG, ou diretrizes de responsabilidade ambiental, social e de governança. Elas nasceram de uma agenda mais ampla de sustentabilidade e têm foco em orientar o mercado financeiro para práticas e tomadas de decisões que levem em consideração essas três letras (ARBACHE, 2021).
Isso aconteceu intensamente a partir de 2019 e instalou um novo pensamento no mundo dos negócios. Há trilhões de dólares envolvidos e, somente aqueles que se adaptarem a elas receberão os seus benefícios. Obviamente há grandes desafios e será preciso uma coalizão de esforços para tornar a agenda ESG uma realidade (ARBACHE, 2022).
Posto isto, é preciso unir governo, organizações não governamentais (ONGs), iniciativa privada, entre outros para traçarem políticas, estratégias e práticas que possam criar esse ambiente de negócios, capaz de atender as demandas da economia de baixo carbono e do chamado para a redução da desigualdade no mundo.
A necessidade de tornar ESG uma realidade nas empresas
(a) a sociedade cada vez mais engajada ao tema da sustentabilidade, cobrando delas os seus compromissos em relação aos impactos que elas trazem para as sociedades e o planeta;
(b) os efeitos das mudanças climáticas que já são evidentes em algumas regiões, onde a desertificação é uma realidade e as ondas de altas temperaturas e grandes enchentes afetam comunidades e geram destruições em larga escala;
(c) a desigualdade crescente em alguns países, cujo distanciamento da renda entre os mais ricos e os mais pobres, traz desemprego, fome e miséria;
(d) a comunicação distribuída em tempo real para diferentes canais coloca foco em marcas que agridem o meio ambiente, contribuem para a desigualdade e praticam a má governança corporativa por onde passam;
(e) os escândalos recentes ligados a governanças corporativas corruptas, que colocam os lucros à frente de valores morais e que deixam o rastro de destruição ambiental e social advindos de suas operações.
As diretrizes ambientais são mais conhecidas e maduras para a maioria da sociedade, no entanto, o S da responsabilidade social ainda carece de atenção, principalmente na América Latina.
Aqui, a desigualdade é um agravante, uma vez que, ela traz outros fatores que deterioram a condição humana. Há um vínculo perverso que une desigualdade a outros efeitos colaterais: a fome, a violência, a falta de educação e qualificação, o desemprego e ausência de renda. No Brasil, temos que lidar com os altos indicadores de desigualdade que nos tiram a dignidade humana e a competitividade das empresas.
A publicação de indicadores de investimento em ESG, feita pelo Itaú BBA (VC/AS, 2022) mostra que os investimentos no S são os menores e, infelizmente, ainda precisamos ressaltar que emprego e renda trazem consumo e competitividade para os negócios.
As diretrizes ESG voltadas para a responsabilidade social geram valor agregado e fazem com que todos possam ganhar. Hoje, consumidores querem estar alinhados com marcas e empresas que gerem ações concretas e legítimas em torno das diretrizes ESG. Ainda há muito a ser feito pelo S do ESG, mas o caminho já está traçado e é preciso segui-lo!
ESG e a realidade
Cada empresa terá um movimento e estágio diferente e o mais importante é estar no caminho. Como dito acima, é preciso estar junto para fazer a agenda ESG se tornar uma realidade e, particularmente, acelerar os compromissos relativos a responsabilidade social. Para isso, trago abaixo alguns pontos que atuam nessa pauta:
Quadro: Responsabilidade Social
Critérios para contratação de Fornecedores e parceiros locais que tenham a sustentabilidade como foco;Políticas em torno da diversidade em suas diferentes dimensões (gênero, raça, orientação sexual, idade, PcD, estética, imigrantes, expatriados); Políticas de combate ao assédio moral e sexual, discriminações e preconceitos;Agenda de qualificação (chamada de reset work), tanto para moradores locais, como para colaboradores; Contratação afirmativa, levando em consideração a diversidade;Oferta de trabalho decente e salário justo; Criação de oportunidades de empreendimentos conjuntos e parcerias com empresários locais; Organização e gestão de destino local levando em consideração o S;Criação de programas de voluntariado; Apoio a comunidade local e manutenção de suas práticas culturais. |
Post Original: https://arbache.com/blog/esg-s-responsabilidade-social/