ESG se tornou tema recorrente no ambiente de negócios e não é por acaso. Essas três letras significam, em língua inglesa, Environmental, Social and Governance e, em língua portuguesa, ASG: ambiental, social e governança. Elas orientam diretrizes para negócios com responsabilidade ambiental, social e governança responsável e diversa.
No entanto, é importante lembrar que as agendas ESG são parte de um projeto mais amplo: a sustentabilidade. É preciso esclarecer que uma não substitui a outra, mas, juntas, elas tracionam a busca por um mundo melhor, capaz de aliar desenvolvimento sustentável e crescimento econômico.
A agenda de sustentabilidade atual e de impacto global é a Agenda 2030, também conhecida como Acordo de Paris, e busca o compromisso de stakeholders para diminuir os gases de efeito estufa em até 2º graus centígrados. Ela traz os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), que são pautados no legado dos Objetivos do Milênio (ODM – 2000 a 2015) e seguem abaixo:
Tais objetivos buscam uma mobilização global para acabar com a pobreza, cuidar do meio ambiente e do clima, garantir que pessoas em qualquer lugar do planeta possam ter paz e prosperidade. A Agenda 2030 é ambiciosa e indica que 2030 é a meta para se cumprir esses apontamentos e, com a adição das diretrizes ESG, ela ganha força e aliados potentes.
As diretrizes ESG se destacaram a partir de 2019, quando grandes empresários consideraram esses atributos como importantes para a tomada de decisões em seus negócios. A carta de Larry Fink, CEO da Black Rock, aos CEOs de grandes empresas redefine e reestrutura o mercado financeiro. Ao liderar uma grande empresa, que gerencia mais de 6,7 trilhões de dólares em ativos, Fink traz potência para a mudança, dizendo que só irá investir em negócios que atendam às premissas ESG e, além disso, irá desinvestir em negócios que não respeitem esse critério, impulsionando e influenciando todo o mercado a seguir essas diretrizes. A carta soou como um alarmante “toque de despertar” ao mercado global, pois, naquele momento, já estavam em discussão a urgência de efetiva ação para as duas grandes bandeiras críticas globais: a desigualdade social e as alterações climáticas (FINK, 2022).
Os investimentos com foco nas diretrizes ESG atraíram diferentes setores que buscam fazer essa transição para economias mais verdes e de baixo carbono. A agenda ESG indica que o negócio deve estar alinhado não somente pelos critérios usuais do mercado mas também por atributos ambientais, sociais e de governança corporativa responsável. Muitos indicam que essas diretrizes estão no cerne do capitalismo de stakeholders, e todos os afetados pelos negócios devem ser considerados na tomada de decisão, analisando os impactos positivos e negativos.
As diretrizes ESG vão além do discurso, são uma opção para negócios que querem atrair investidores, consumidores e força de trabalho atentos a essa agenda. É claro que há desafios e ainda há paradigmas que colocam as diretrizes ESG como algo difícil de ser alcançado. As seguintes argumentações são frequentes nesses casos: é caro, não há profissionais para aplicar essas diretrizes, depende do tamanho da empresa ou negócio, não traz o retorno para o investimento a curto prazo… No entanto, nem todos pensam dessa maneira e já obtêm bons resultados advindos das ações ESG em seus negócios.
Para colocar a agenda ESG em ação, é preciso audácia, coragem e inovação, uma vez que não é possível fazer negócios como era feito antes. É preciso fazer a transição de um modelo linear para um modelo circular ou regenerativo, tendo o compromisso e a responsabilidade por tudo que “deixa” para trás nos espaços em que ocupa.
As organizações são demandadas para um processo de construção ética, buscando operar com decência nas sociedades onde atuam e, por meio da confiança, estabelecer um relacionamento honesto, transparente e virtuoso, demonstrando serem marcas de “caráter” e de impacto positivo para todos.
As diretrizes ESG entram com vigor no mundo dos negócios no século XXI, provocando as organizações e seus stakeholders a assumirem seus preceitos e práticas, não de modo isolado e meramente estético, mas de modo autêntico, integrado à estratégia de negócios e ético, capaz de alicerçar reputações de organizações sólidas e parceiras das sociedades onde atuam.
O turismo está sendo chamado para assumir a sua parte em relação à agenda ESG e o World Economic Fórum publicou os “Ten Principles for Sustainable Destinations”, apontando princípios e ações necessárias para que stakeholders possam acelerar essa agenda e, para isso, já fizeram a paridade com os ODS da Agenda 2030. Os dez princípios são:
1. Certificar e monitorar cientificamente.
2. Cultivar a força de trabalho.
3. Priorizar comunidades.
4. Alinhar com visitantes.
5. Proteger o patrimônio.
6. Proteger a natureza.
7. Produzir e consumir com responsabilidade.
8. Calibrar infraestrutura.
9. Governança com eficiência.
10. Incorporar resiliência.
O documento indica que é necessário profissionalizar a gestão e engajar todos nessa jornada de mudanças consideráveis no turismo. Os princípios reforçam a necessidade dos negócios estarem alinhados com a agenda de sustentabilidade.
No mercado de eventos e viagens corporativas, há temas essenciais que devem ser tracionados nessa agenda.
Vale a ressalva: cada organização do mercado de eventos e viagens corporativos terá um movimento e estágio diferente em relação a ESG, desde práticas mais básicas, até as mais sofisticadas, no entanto, o mais importante é estar no caminho!
O mercado de eventos e viagens corporativas aceitou essa provocação e já apresentam boas práticas e ideias nessa direção. Conheça algumas delas neste manual.
É necessário abraçar uma estratégia ambiciosa e realista e criar um ecossistema que engaje toda a cadeia de valor.
A responsabilidade ambiental é um dos temas mais maduros em ESG, e isso não é por acaso. Há uma longa jornada na discussão orientada para uma gestão mais racional e eficiente do uso de recursos naturais e a busca de processos produtivos mais limpos. Além disso, legislações e regulamentações foram inseridas nas sociedades tornando mandatórias ações nesse sentido. Isso proporcionou novas cadeias produtivas para atender às demandas decorrentes da responsabilidade ambiental nas organizações em diversos segmentos.
Essa nova conduta chega ao ambiente de turismo, e seus stakeholders são chamados para aplicarem as diretrizes ESG em seus negócios. Em recente pesquisa da Ernest & Young , os consumidores declararam que estão mais conscientes e buscando tomar decisões pautadas em responsabilidade ambiental. Alguns deles se tornam menos tolerantes quando veem que as organizações não estão levando isso em consideração, pois esperam uma conduta mais responsável delas e dos governos em relação ao social e ao ambiental.
A Expedia coletou dados importantes em 11 países e mostrou que 90% dos entrevistados buscam opções sustentáveis para viajar. Outro dado que chama a atenção é que 7 em cada 10 entrevistados já descartou um destino ou um meio de transporte que não estava comprometido com o meio ambiente (SCOLLO, 2022).
De acordo com as pesquisas supracitadas, os viajantes estão dispostos a pagar até 35% a mais por uma viagem que realmente leve em consideração os aspectos sociais e ambientais. Esses consumidores possuem diferentes perfis e buscam práticas sociais e ambientais que levem em consideração os diferentes destinos, não buscam práticas homogêneas, mas relevantes para cada destino, alguns devem possuir práticas mais voltadas para o social, outros para o ambiental, como, por exemplo:
Além das práticas citadas acima, também constam práticas em responsabilidade ambiental que estão sendo realizadas em eventos e viagens corporativas e que já geram resultados para a organização.
A crescente valorização das diretrizes ESG trouxe novas organizações, selos e certificações que tratam da temática. Elas ajudam a compor um cenário mais estruturado, com maior credibilidade e capaz de gerar força motriz para a expansão das ações no segmento.
Vale conhecer as certificações existentes no mercado em relação à responsabilidade ambiental e conferir aquelas que são requisitas pelos seus clientes e valorizadas pelos consumidores.
Uma pesquisa recente alertou que 83% dos 29.000 entrevistados comentaram que as viagens sustentáveis são vitais e 61% deles observou que a pandemia aumentou seu interesse por viagens sustentáveis (ROSEN, 2022).
As rotulagens e selos ambientais compulsórios ou voluntários[1], sejam de manejo sustentável, rastreabilidade dos produtos, consumo de energia, contribuem para redefinir o posicionamento de uma nova cultura e um melhor posicionamento da reputação da marca, ou seja, mais transparência e menos greenwashing (lavagem verde)!
Há trilhões de dólares envolvidos na agenda ESG e somente aqueles que se adaptarem a essas diretrizes poderão receber os seus benefícios. No entanto, é preciso uma convergência de ações com diferentes stakeholders para tornar a responsabilidade social uma realidade no Brasil.
As diretrizes ambientais são mais conhecidas e maduras para a maioria da sociedade, no entanto, o S do social ainda carece de atenção, principalmente na América Latina. Aqui, a desigualdade é um agravante, uma vez que ela traz outros fatores que precarizam a condição humana. Há um vínculo perverso que une desigualdade a outros fatores, como o desemprego, a fome, a violência, a falta de educação e qualificação, o desemprego e a ausência de renda.
O IBGE (2022) indica que há 10,1 milhões de desempregados, 4,3 milhões de brasileiros desalentados e 21,2% de pessoas subutilizados, nos dados coletados no 2º. trimestre de 2022. Em relação ao Índice de Desenvolvimento Humanos (IDH), que mede o desempenho médio da localidade em expectativa de vida, educação e PIB, o Brasil está em 87ª. posição no ranking de 191 países, conforme dados divulgados em setembro de 2022, mostrando que caímos duas posições consecutivas (PODER, 360).
Isso sugere que uma boa parte de nossos cidadãos ficam à margem das condições dignas de vida, e isso tende a ser agravado pelas novas lógicas inseridas no mercado de trabalho: novas tecnologias e a necessidade de novas competências para fazer parte do mercado de trabalho no século XXI.
Esse foi o destaque que a chamada agenda Reset Work ou Upskilling e reskilling revolution , indicada pelo Fórum Econômico Mundial, mostrando que 1 bilhão de pessoas terão que se qualificar e requalificar para serem inseridas nesse mundo do trabalho pós-pandêmico. Essa agenda deve ser concretizada por meio do crescimento dos PIBs dos países, da oferta de emprego formal, da atualização das habilidades das pessoas para o ingresso no mercado de trabalho e pela equidade, pois “todos” precisam estar inseridos no mercado, fazendo a ressalva evidente de que a diversidade da força de trabalho deve estar presente no direcionamento da concretização dessa agenda (ARBACHE & BOTTEON, 2022).
A diversidade e a inclusão são temáticas vigorosas na pauta de ESG e buscam trazer maior representatividade das diferentes dimensões de diversidade, sendo elas: gênero, raça, orientação sexual, etnia, faixa etária, estética, refugiados, imigrantes, expatriados, pessoas com deficiência, entre outras, no mercado de trabalho. Para tanto, ações efetivas são necessárias, desde a declaração do manifesto das organizações, sua missão, visão e valores, até políticas e ações que promovam a participação de todos em diferentes funções e níveis de atuação (ARBACHE e GUARANI, 2020).
O Brasil, com as taxas citadas acima, tem o grande desafio de incluir quem está fora e manter quem está “dentro”, uma vez que, para ocorrer a manutenção de quem está trabalhando, será preciso realizar a requalificação, tanto de hard skills quanto de soft skills. A automação e a inteligência artificial irão contribuir para o desaparecimento de vagas de trabalho, mas também poderão gerar novas vagas. No entanto, para tornar a força de trabalho apta para assumi-las, a educação será a grande protagonista dessa agenda. Com ela, estão os novos modelos de trabalho, presencial, remoto e híbrido, que já fazem parte da nossa realidade (ARBACHE & BOTTEON, 2022).
Tudo isso torna mais complexo para as organizações lidarem com as demandas sociais que chegam até suas portas. Caso contrário, não terão condições de operar em um mercado competitivo, por não conseguirem força de trabalho com prontidão para operar de modo eficiente, uma vez que não há profissionais capacitados no mercado (em quantidade suficiente) para serem recrutados e contratados.
Isso já é realidade em alguns setores do mercado onde há escassez de talentos capazes de atender aos requisitos das vagas abertas. Outra realidade que cabe a atenção é a carência de uma cadeia produtiva capacitada e pronta para responder às novas demandas do mercado, seja do ponto de vista das inovações tecnológicas, seja do atendimento das demandas trazidas pelas diretrizes ESG. Essa questão aparece principalmente quando se busca fornecedores fora dos grandes centros. Muitas vezes, os fornecedores disponíveis nesses espaços carecem de qualificação e acesso a inovações e, por isso, têm grande dificuldade de concorrer com negócios do mesmo setor localizados nos grandes centros, fortalecendo, assim, a desigualdade entre os grandes centros e as outras cidades.
Isto posto, vemos que os altos indicadores de desigualdade tiram dos brasileiros a dignidade humana e das organizações, a capacidade de sustentabilidade e competitividade em ambientes complexos e inovadores com os quais vivemos.
Outro ponto relevante que rompeu as portas das organizações e se fez presente foi a pauta da saúde mental. Os efeitos colaterais da crise humanitária vivida do início de 2020 até o início de 2022 deixaram um passivo considerável em relação à saúde mental dos colaboradores. O Atlas da saúde mental divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2021 mostra o aumento da necessidade de tratamentos ligados a saúde mental, como psicoses, transtornos bipolares, depressão, o que demanda uma ação mais encorajadora das organizações para alinhar ações no cuidado da saúde mental dos trabalhadores. Além disso, é importante oferecer assistência por meio de benefícios como planos de saúde, programas específicos de assistência e grupos de apoio na organização (OMS, 2022).
Nesse sentido, é preciso criar um ambiente que favoreça o bem-estar e a segurança para todos, bem como possua programas e ferramentas que permitam ações concretas e capazes de guiar ações preventivas, enfrentando de frente e junto do colaborador situações de ansiedade, estresse grave, depressões, síndrome do pânico, suicídios e ideação suicida. Uma recente mostra que a incidência de afastamentos provenientes de transtornos mentais cresceu em 30% de 2020 a 2022. Isso impacta primeiramente as pessoas acometidas por essas doenças, mas representa para as organizações um gasto de 5 milhões de reais até o final do ano corrente (HONORATO, 2022).
De fato, há uma redefinição do papel das organizações, o qual pede que elas sejam atuantes em aspectos importantes para o desenvolvimento da sociedade e seus cidadãos, não por acaso, a agenda ESG pede uma força de coalização para que se possa abastecer as demandas trazidas pelos novos tempos. A responsabilidade social é a dimensão mais importante dessa agenda, pois lida com seres humanos, pessoas que são impactadas, positivamente ou não, pelas operações das organizações, sejam investidores, acionistas, colaboradores, fornecedores, consumidores e cidadãos presentes nas regiões onde atuam.
A publicação de indicadores de investimento em ESG, feita pelo Itaú BBA (VC/AS, 2022), mostra que os investimentos no S são menores em relação à responsabilidade ambiental e à governança, a despeito do que foi mostrado acima. Infelizmente, ainda precisamos ressaltar que emprego e renda trazem consumo e competitividade para os negócios e promovem o crescimento do IDH nas regiões.
Um dos pontos principais debatidos no turismo sustentável é como as empresas e seus stakeholders podem contribuir para a redução da desigualdade nos locais onde atuam e para a gestão de seu público interno considerando as boas práticas ESG. Alguns desses pontos seguem abaixo.
Hoje, consumidores querem estar alinhados com marcas e empresas gerem ações concretas e legítimas em torno das diretrizes ESG. Ainda há muito a ser feito pelo S do ESG, mas o caminho já está traçado e é preciso segui-lo! Cada empresa terá um movimento e estágio diferente nesse caminho, desde práticas mais básicas, até as mais sofisticadas, no entanto, o mais importante é estar no caminho.
O legado desastroso de governanças irresponsáveis que colocaram o lucro acima de tudo trouxe para o ambiente dos negócios a noção de que não era possível fazer o usual, era preciso repensar a forma de atuar e inserir estratégias e ações que considerem os impactos positivos e negativos que os negócios deixam por onde passam.
Não foi da noite para o dia que investidores resolveram colocar uma lupa nas organizações e suas ações de governança para tomar decisões em relação aos investimentos. Muitos deles tiveram seus investimentos abalados por escândalos de corrupção, lavagem de dinheiro, subornos, desastres ambientais sem precedentes, denúncias de tráfico humano, trabalho escravo e trabalho infantil na cadeia produtiva, além de outros danos e até mesmo mortes nas comunidades onde os negócios atuavam. Assim, a luz vermelha ligada diretamente nos riscos relacionados a governanças pouco transparentes chamou a atenção do mercado financeiro.
O legado desastroso de governanças irresponsáveis que colocaram o lucro acima de tudo trouxe para o ambiente dos negócios a noção de que não era possível fazer o usual, era preciso repensar a forma de atuar e inserir estratégias e ações que considerem os impactos positivos e negativos que os negócios deixam por onde passam.
A mudança é considerável, pois as governanças terão de se orientar pelo lucro com impacto positivo. É certo que a inserção da temática no mundo dos negócios assume o sentido de proteger os investimentos e o próprio negócio. No entanto, isso é positivo, pois traz o compromisso de todos os stakeholders para tornar ESG uma realidade.
O compromisso e a responsabilidade são chaves para governanças corporativas que queiram atuar com as diretrizes ESG e as oportunidades estão por toda parte e todos os segmentos. O Conselho Global de Turismo Sustentável (CGTS) aponta que o setor pode entrar nessa jornada de modo virtuoso, mas terá que se adequar aos critérios e padrões demandados. O CGTS mostra que o segmento tem potencial de crescimento e pode inserir as diretrizes ESG para atrair consumidores conscientes que procuram empresas comprometidas com governança responsável, responsabilidade social e ambiental em seus negócios, algo que será decisivo em suas tomadas de decisões.
O comportamento do consumidor mudou. Ele busca mais transparência e confiabilidade, experiências genuínas e sustentáveis em hospedagens, transportes, eventos e deseja, ainda, contato com as comunidades de destino. A informação honesta e precisa é ponto crucial para unir as boas governanças em ESG com consumidores conscientes e com maior capacidade para discernir boas e más práticas.
A governança em ESG traz para a discussão a responsabilidade dos líderes em assumir essas diretrizes como norte de seus negócios. Isso será decisivo para consolidar a boa reputação da marca, tanto para investidores quanto para colaboradores, consumidores, cadeia de fornecimento e sociedade.
Do alinhamento estratégico até a ação, tudo deve passar por essas diretrizes.
A governança é a embaixadora das diretrizes ESG, tanto para o público interno quanto para o externo. A reputação da marca e a atração de talentos e consumidores são respostas positivas que as diretrizes ESG trazem para o negócio, adicionando maior rentabilidade e competitividade.
A governança não deve “falar o que não faz” em relação a ESG, pois esse é o grande risco que as organizações correm ao querer mostrar algo que não fazem, ou corrigir danos que poderiam ter sido evitados.
É certo que inserir as diretrizes de governança demanda empenho e maturidade das organizações e líderes e que, para ativá-las, é necessário tempo e esforço contínuo. Toda empresa pode começar e estipular prazos para inserir ESG em sua governança, atendendo a suas especificidades, necessidades e ritmos. O importante é começar!
Há um descompasso entre o que se faz e o que se fala, com isso, os consumidores atentos à agenda ESG não conseguem chegar nas organizações do mercado de viagens e eventos que realmente são coerência: a comunicação precisa ligar essas duas pontas.
O mercado de eventos e viagens corporativas pode desempenhar um papel essencial para a agenda ESG, sendo o influenciador e disseminador de ações necessárias para que o impacto das viagens e eventos corporativos seja positivo para a sociedade, os negócios e o planeta.
Há uma grande oportunidade viabilizada pela comunicação transparente e honesta em relação às diretrizes e práticas ESG, uma vez que pesquisas revelam consumidores no pós-pandemia mais atentos e conscientes em relação às responsabilidades socioambientais das empresas. As experiências ligadas ao turismo passam a ser avaliadas sob esses aspectos, influenciando não só em decisões mas no estabelecimento de conexões de valor.
Estudos recentes (SCOLLO, 2022) apontam que as informações sobre práticas sustentáveis no turismo não estão facilmente disponíveis aos consumidores, agravadas pelo descompasso do que é informado pelo setor e a real experiência das pessoas usuárias dos serviços oferecidos. Aqui, temos novamente risco de imagem e reputação, em função de possíveis denúncias, testemunhos negativos e comentários agressivos em espaços públicos, culminando muitas vezes em cancelamentos das marcas. Assim como nós, em nosso papel de consumidores, as demais pessoas também querem informações compreensíveis a respeito dos impactos gerados por suas escolhas em relação a viagens e eventos corporativos.
A Comunicação Corporativa visa impactar positivamente os diferentes públicos de interesse de uma empresa, de forma a aumentar sua credibilidade e favorecer sua reputação nos mercados onde atua. Para tanto, integra recursos de comunicação interna e externa, em âmbitos online e offline, para a criação de pontos de conexão e relacionamentos saudáveis entre a organização e seus stakeholders.
A regra básica para fomento à credibilidade é que todo o plano de comunicação esteja conectado à prática da organização, refletindo de forma coerente sua identidade, gestão e negócio. Pontos de atenção:
O fato é que, para que todas as partes aproveitem as oportunidades geradas pelo turismo de impacto positivo, é fundamental que as empresas adotem uma comunicação cuidadosa, que demonstre o real comprometimento das partes envolvidas.
Não por acaso o Conselho Global de Turismo Sustentável (CGTS) apresenta os critérios para que os stakeholders da área possam estar alinhados, visando trazer maior maturidade, responsabilidade e compromisso em relação aos impactos positivos e negativos que eles geram nas regiões ondem atuam.
Grandes players de mercado já se uniram para trazer à tona a Travelyst, ONG nascida da coalização de esforços das empresas Booking.com, Expedia Group, Google, Skyscanner, Trip.com, Tripadvisor e Visa, cujos fins são identificar e ajudar a realizar as mudanças sistêmicas necessárias para que as viagens sustentáveis se tornem uma realidade.
Na América Latina, o Reprograma, da CVC CORP, é prática destaque, com ações estratégicas para suas marcas e toda a cadeia de valor. O foco é contribuir para a agenda de sustentabilidade em cada destino turístico.
Por fim, é importante compreendermos que, para que todo o ecossistema seja beneficiado e aliado nessa jornada, a comunicação ESG deve ser transparente, confiável e legítima, facilitando o encontro entre oferta e demanda, gerando vínculos verdadeiros, criando oportunidades e acelerando a evolução da agenda sustentável nos negócios. Na comunicação, essa compreensão é essencial para identificar coerências ou dissonâncias entre narrativas e práticas ESG.
Vale ressaltar que tudo começa no público interno, que, uma vez ciente, sensibilizado e engajado na agenda ESG, amplia sua consciência sobre condutas coerentes, traçando estratégias, projetos e ações alinhadas com a questão ESG. Desde os comunicados internos, trilhas de aprendizagem, campanhas de marketing, políticas corporativas, até os documentos destinados a fornecedores, todos os conteúdos devem estar conectados a essas diretrizes para maior tração, performance, autoridade e reputação frente aos indicadores ESG.
O que é:
Greenwashing: termo em inglês, podendo ser traduzido como “banho verde” em língua portuguesa. O termo é usado em casos de organizações cuja estratégia de marketing e propaganda mostra ações de responsabilidade ambiental que não se sustentam na prática. Com isso, elas buscam criar uma imagem positiva para a marca, realizando uma “maquiagem” e desviando a atenção dos consumidores dos impactos negativos que elas geram no meio ambiente.
Socialwashing: termo em inglês, que significa em língua portuguesa “lavagem social”. É usado para diagnosticar organizações cujas estratégicas de marketing e propaganda exploram, de modo enganoso, ações de responsabilidade social que elas promovem, quando, em realidade, essa cultura não se traduz no dia a dia da instituição. Com isso, procuram se posicionar melhor no mercado onde atuam, melhorando seus resultados econômicos e sua reputação pública. Também é conhecida como filantropia de oportunista.
Dentro dessa perspectiva do socialwashing, outras se desdobram, como:
Fake ESG: organizações que comunicam diretrizes e práticas ESG sem evidências de uma gestão compromissada com elas, utilizando ações granulares, pontuais e oportunistas para se colocarem como organizações com DNA e cultura ESG. Essas ações não possuem objetivos, metas e resultados que gerem sustentabilidade e credibilidade em relação a ESG, sendo apenas “maquiagem” para enganar consumidores e investidores.
Para atender os preceitos e realizar as melhores práticas ESG é necessário mostrar evidências tangíveis do compromisso das organizações. Estar em alinhamento com essas diretrizes não é mais uma escolha para competir no mercado de eventos e viagens corporativas, é praticamente mandatório.
Isto posto, é preciso unir governo, organizações não governamentais (ONGs), iniciativa privada, entre outros, para traçar políticas, estratégias e práticas que possam criar esse ambiente de negócios capaz de atender as demandas da economia de baixo carbono e do chamado para a redução da desigualdade no mundo.
(a) A sociedade, cada vez mais engajada ao tema da sustentabilidade, cobrando das organizações os seus compromissos em relação aos impactos que elas trazem para as sociedades e o planeta.
(b) Os efeitos das mudanças climáticas que já são evidentes em algumas regiões, onde a desertificação é uma realidade e as ondas de altas temperaturas e grandes enchentes afetam comunidades e geram destruições em larga escala.
(c) A desigualdade crescente em alguns países, cujo distanciamento da renda entre os mais ricos e os mais pobres traz desemprego, fome e miséria.
(d) A comunicação distribuída em tempo real para diferentes canais coloca foco em marcas que agridem o meio ambiente, contribuem para a desigualdade e praticam a má governança corporativa por onde passam.
(e) Os escândalos recentes ligados a governanças corporativas corruptas, que colocam os lucros à frente de valores morais e que deixam o rastro de destruição ambiental e social advindos de suas operações.
Quando refletimos sobre os fatores acima, fica evidente que os efeitos da falta de práticas ESG chegam em todos os setores e não poderia ser diferente no mercado de eventos e viagens corporativas.
Na América Latina, há muitas possibilidades de ganhar com a agenda ESG, a demanda por viagens e eventos sustentáveis é favorável, há abundância de recursos naturais e ambientes capazes de atrair consumidores do mundo todo. Certamente, todos sairão ganhando se conseguirem encontrar soluções que possam conectar consumidores e organizações que tenham a agenda ESG como ponto comum de seus interesses.
O World Café é uma dinâmica de gestão do conhecimento e propicia o aprendizado, o compartilhamento de conhecimentos e práticas entre seus participantes em um movimento coletivo, contributivo e integrador. A partir de temas escolhidos previamente, grupos de trabalho podem abordar considerações a respeito e trazer à tona a inteligência coletiva, adicionando conhecimentos, lições aprendidas e promovendo o aprendizado mútuo a respeito deles. Essa dinâmica oferece um modo eficiente para realizar coleta de dados e informações que permitem maior identificação de maturidade e efetividade em relação ao que está sendo abordado.
O World Café Hub ESG ALAGEV foi aplicado no dia 4 de agosto de 2022, por ocasião do lançamento do Hub ESG ALAGEV, em São Paulo. O evento foi promovido pela ALAGEV e estavam presentes associados de diversos segmentos que atuam em eventos e viagens corporativas.
O objetivo na aplicação da dinâmica foi de discutir as diretrizes ESG nesses segmentos e buscar conhecer as práticas realizadas, lições aprendidas, barreiras, riscos e oportunidades que estão inseridas nessa pauta.
Assim, foram elaborados quatro textos customizados abordando os macrotemas:
Os textos ativam a inteligência coletiva e provocam a participação de todos. Para que isso ocorresse, foram organizados oito grupos de trabalho, sendo dois grupos para discussão de cada macrotema acima. Assim, os grupos de trabalho foram compostos por um número de participantes adequado, facilitando a contribuição de todos. Todos os participantes discutiram e analisaram todos os macrotemas. Isso permitiu a coleta de informações significativas que foram registradas neste guia. Em cada macrotema, foram indicadas cinco ações relacionadas aos Padrões GRI (Global Reporting Initiative) de Relatório de Sustentabilidade 2 .
Para que isso pudesse ocorrer, foi designado um anfitrião previamente preparado para cada grupo de trabalho, com a função de promover a discussão nos grupos e a organização dos registros. As instruções para o registro das informações estavam contidas no quadro Kanban adaptado e que segue abaixo:
A dinâmica envolveu os participantes no evento, dando a eles um papel ativo nas discussões e no registro das práticas e, assim, engajando-os na evolução dos temas discutidos.
Após a dinâmica, os registros coletados foram classificados e analisados seguindo a matriz acima conforme cada macrotema. A partir disso, foi possível consolidá-los neste guia.
Os conhecimentos e as análises presentes neste guia não têm a intenção de esgotar as discussões em relação às diretrizes ESG no segmento de viagens e eventos corporativos, uma vez que a complexidade inserida nessa agenda é evidente. No entanto, este guia oferece uma abordagem exploratória, legítima e contributiva que favorece a melhor compreensão de como as diretrizes e práticas em ESG estão sendo tratadas nesse contexto. Também busca contribuir para o entendimento de conceitos, práticas, oportunidades, riscos e barreiras presentes, trazendo, assim, um olhar mais estratégico e assertivo para organizações, líderes e profissionais que têm a intenção de inserir as diretrizes ESG em suas realidades, assim como promover a evolução e a tração dessas ações em contexto em que isso já é uma realidade.
As diretrizes ESG estão inseridas no chamado capitalismo de stakeholders, e o World Café ESG cumpriu claramente esse preceito, trazendo todos os envolvidos com viagens e eventos corporativos para ativarem a inteligência coletiva e fazerem parte da construção de uma agenda sólida, robusta e legítima juntamente ao Hub ESG ALAGEV.
Ana Paula Arbache é Pós-doutora em Educação pela PUC-SP. Doutora em Educação pela PUC-SP. Mestre em Educação pela UFRJ. Certificada pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) em Challenges of Leadership in Teams (2015), e em Leading Innovative Teams (2018) Cambridge. Docente convidada dos cursos de MBA e Pós-MBA da Fundação Getúlio Vargas. Facilitadora da Global Alumni. CEO da HR Tech Arbache Innovations Brasil. Cofundadora do Hub ESG ALAGEV. Fundadora do Coletivo HubMulher. Membro do comitê de educação da Rede de Governança Brasil. Certificada em Coaching e Mentoring de Carreira para Executivos. Mentora do Capítulo PMI/SP e Instituto Ser +. Editora, colunista e gestora do blog arbache.com/blog. Palestrante em encontros nacionais e internacionais.
Pesquisadora e autora das obras:
Graduada em Direito, iniciou sua jornada no turismo há mais de 30 anos, sendo que nos últimos 15 anos no mercado de viagens e eventos corporativos, atuando em diversas áreas sempre com o background da excelência do atendimento japonês – omotenashi, que foi sua primeira escola, como comissária de bordo da JAL.
Atualmente é diretora executiva da ALAGEV – Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas, onde realiza eventos e encontros para mobilizar e facilitar a conexão entre os associados e gerar engajamento em torno da construção em conjunto de soluções sustentáveis para o mercado de viagens e eventos corporativos. É intraempreendedora, com o olhar constante de geração de negócios para a Associação.
Faz parte do Comitê de Turismo da Fecomércio, do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade da CNC e da Câmara Brasileira da Indústria de Eventos. Recentemente passou a atuar na UNESCO-SOST TRANSCRIATIVA. A Cátedra de Sustentabilidade da UNESCO (UNESCO-SOST) é um centro internacional de excelência para a ciência da resiliência e sustentabilidade aplicada à transformação local e regional. Todo o trabalho congregará as oito frentes de atuação da UNESCOSOST e é mentora da
Lente de Conexão e faz parte do time de Transformação Criativa da Transcriativa, que é responsável pelo joint office e proprietária da Metodologia de Transformação Criativa educacar para Sustentabilidade e Criatividade e transformar pessoas, negócios e territórios de países de língua portuguesa.
Foi eleita dois anos seguidos (2021 e 2022) como uma das 100+ Poderosos do Turismo do Panrotas. Foi homenageada pela SKAL (2022) como uma das 13 personalidades e mulheres pelo seu papel de liderança no mercado de Turismo.
Grace é mãe da Julia de 3 anos e do Francisco 1 ano e 10 meses. Se considera mãe atípica, pois seu filho Francisco nasceu com uma doença rara e grave.
Executiva do mercado de turismo, batalha diariamente com a sua família para que exista mais inclusão e oportunidades de pessoas como seu filho.
É Board Member na Pinguim Travel, pertencente ao grupo econômico do PinguimAPP, eleito como TOP 3 das Travels Tech da América Latina.
Membro no Conselho do HubMulher, coletivo voltado para o empoderamento feminino focado na ODS 5 da ONU, também é membro do Conselho da Casa Hunter e faz parte do Comitê de Inclusão ao Deficiente Físico no Grupo Mulheres do Brasil.
Cofundadora do HUB ESG da Alagev que nasceu com o DNA de desbravar as oportunidades que essas três letras transformadoras trazem para o setor de eventos e viagens corporativas.
É formada pelo IBGC como conselheira administrativa e de ESG.
Possui mais de 22 anos de experiência no mercado de turismo, atuando nos segmentos de eventos, viagens de incentivo, marketing e relacionamento com clientes..
Grace já exerceu cargos de gestão em empresas como TAM Linhas Aéreas, MSC Cruzeiros, G.I – Grupo de Incentivo (Grupo Águia), Stella Barros, Queensberry e na Startup Pinguim, e realizou grandes grupos de incentivo e eventos no Brasil e exterior.
Sandra Veloso é graduada em turismo pela USP e administração hoteleira pelo SENAC, buscou aprimoramento profissional realizando pós-graduação em Inteligência de Mercado na ESPM e CEAG – Curso de Especialização em Administração para graduados na FGV, além do MBA em Gestão Comercial na mesma instituição.
Desde 1995 pode desempenhar diversas funções em diferentes players do mercado de turismo: cias aéreas (American Airlines e Lan Airlines), agências de viagens corporativas (American Express, Alatur e Kontik), agências de marketing e eventos (MCI e Imaginadora) adquirindo uma visão ampla do mercado para atuar na gestão das 14 comunidades da ALAGEV – Associação Latino American de Gestão de Evento e Viagens Corporativas), contribuindo nas discussões e, principalmente, compartilhando as melhores práticas com o mercado.
Apaixonada por viagens (já visitou 50 países) e por trabalho voluntário, atuando há 8 anos na Cruz Vermelha de São Paulo, além de sempre realizar atividades sociais nas empresas que atuou, incluindo ajudar a construir sala de aula no Nepal.
Reconhecimentos recebidos: Prêmio Caio em Evento de Responsabilidade Social, Best in Class de personalidade do ano da TMC Brasil, Be the Change da ALAGEV
Discussão: E – Responsabilidade Ambiental:
A1: Redução das emissões de gases do efeito estufa: ir além da adaptação, mitigação e compensação.
A2: Avaliação com critérios de responsabilidade ambiental para credenciamento de fornecedores e parceiros. Acolhimento de certificações e selos na área ambiental.
A3: Promoção de compras sustentáveis com fornecedores locais.
A4: Otimização e eficiência no uso dos recursos naturais, como água e energia de fonte não renovável, utilizadas nas operações de seus negócios.
A5: Reuso, reciclagem e descarte correto de resíduos com foco em lixo zero.
Uma questão que gerou boas discussões foi o Tema A2: Avaliação com critérios de responsabilidade ambiental para credenciamento de fornecedores e parceiros.
O acolhimento de certificações e selos na área ambiental recebeu maior atenção dos participantes como práticas que já estão sendo realizadas e trazem bons resultados em relação à responsabilidade ambiental. Além de alinhar políticas e práticas, são ações que resguardam a reputação da empresa em relação a riscos de crises em torno da temática e elevam a credibilidade da organização no contexto em que ela atua. Além disso, as certificações e selos fazem que a organização tenha ações comprometidas e de gestão em relação à responsabilidade ambiental criando uma cultura voltada para esse aspecto.
Exemplificando as práticas nesse sentido, os participantes apontaram estas que seguem abaixo.
Outro tema potente nas discussões foi o Tema A4: Otimização e eficiência no uso dos recursos naturais, como água e energia de fonte não renovável, utilizados nas operações de seus negócios. A importância desse tema para a responsabilidade ambiental é evidente. Cada vez mais o mundo está sendo chamado a usar com maior racionalidade os recursos naturais. Não por acaso, a água se tornou ativo presente em fundos de investimento, sendo considerada por muitos deles como o “ouro azul”. Isso se deve pelas previsões de escassez de água até 2050. Hoje, 2,2 bilhões de pessoas no planeta carecem de água potável . No Brasil, somente 50% do volume do esgoto recebe tratamento, sendo que 35 milhões de brasileiros vivem sem água tratada, e 100 milhões não têm acesso à coleta de esgoto. Os municípios que mais carecem de atenção em relação a esses aspectos estão em estados das regiões Nordeste e Norte, como é o caso de Macapá, mas o problema também existe na região Sudeste, especialmente no Rio de Janeiro .
As discrepâncias em relação ao tratamento da água e a coleta do esgoto em nosso país estão evidentes no 14º ranking de saneamento publicado pelo Trata Brasil. Isso, sem dúvida, traz para as organizações que atuam em eventos e viagens corporativas nas regiões mais carentes desafios e riscos diferenciados que precisam ser enfrentados.
Veja a seguir algumas práticas frequentes em relação a esse tema apontadas pelos participantes.
Na sequência das discussões esteve o Tema A5: Reuso, reciclagem e descarte correto de resíduos com foco em lixo zero. Do mesmo modo como as ações em relação ao reuso, descarte correto de resíduos foi abordada pelos participantes, a questão do desperdício de alimentos também recebeu a atenção dos participantes.
Esse ponto está em um dos aspectos mais preocupantes da Agenda 2030 e envolve a segurança alimentar. A fome no Brasil atinge 33,1 milhões de pessoas conforme indica a OXFAM Brasil (2022). As regiões mais afetadas por essa situação são a Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Esses dados mostram que é urgente tratar dessa temática. Ela assume presença em algumas discussões e mídias que ajudam a disseminar a necessidade de se lidar com maior eficiência com a produção e o consumo de alimentos no mundo. Com isso, o desperdício também se torna pauta.
Além de trazer as ações referentes ao uso, reuso e descarte de materiais, o tratamento dado aos alimentos em eventos e viagens corporativas foi citado, demandando atenção e maior gestão frente ao cliente, a organização e parceiros envolvidos nos negócios. Veja as ações e as experiências trazidas pelos participantes:
Outro tema tratado, mas de modo limitado, foi o Tema A3: Promoção de compras sustentáveis com fornecedores locais. Não por acaso isso ocorreu, visto que, dependendo da região onde a organização opera ou as viagens e eventos irão acontecer, favorecerá ou não a compra com fornecedores locais que possuem as diretrizes ESG como foco. Isso se deve pela falta de qualificação de muitos deles, como também do aceso a insumos e recursos que possam estar disponíveis no tempo requerido e com valor competitivo no mercado. Como se vê, é um tema que também deve ser tratado considerando o nível de maturidade em relação a ESG e de questões logísticas de cada região. A compatibilização entre qualificação de fornecedores, disponibilidade de recursos e insumos, operação logística e custo é necessária para que se possam realizar compras de fornecedores locais garantindo que a viagem e o eventos ocorram de modo satisfatório. As ações citadas foram:
Do mesmo modo como os participantes debateram o tema da compra sustentável, eles trouxeram o Tema A1: Redução das emissões de gases do efeito estufa: ir além da adaptação, mitigação e compensação. Apesar de pouco discutido, o tema é decisivo para atingir a meta ambiciosa da Conferência do Clima da ONU – COP 26, de reduzir em até 1,5º. graus centígrados da temperatura da Terra até 2030. No caso do Brasil, o compromisso afirmado é de mitigar 50% de suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) até essa data (GENIN, 2022). Veja as ações sugeridas:
A discussão começou pelo Tema A4: Otimização e eficiência no uso dos recursos naturais, como água e energia de fonte não renovável, utilizadas nas operações de seus negócios. Nas discussões realizadas pelos profissionais presentes, as práticas citadas foram:
Na sequência, o Tema A1 – Redução das emissões de gases do efeito estufa: ir além da adaptação, mitigação e compensação – também recebeu atenção dos participantes, com as práticas aqui descritas:
Outros dois temas foram citados por eles e obtiveram somente uma indicação de prática em andamento: Temas A3 (Promoção de compras sustentáveis com fornecedores locais) e A5 (Reuso, reciclagem e descarte correto de resíduos com foco em lixo zero).
Ações de promoção de compras sustentáveis com fornecedores locais sem evidência de resultados:
Práticas de reuso, reciclagem e descarte correto de materiais ainda sem resultados comprovados:
O Tema A2 não foi destacado nas discussões dos participantes neste item.
O Tema A4 – Otimização e eficiência no uso dos recursos naturais, como água e energia de fonte não renovável, utilizados nas operações de seus negócios –, apesar de ter sido muito citado como prática utilizada e com resultados evidentes, esse tema também aparece aqui como demandante, mostrando que ainda é preciso estabelecer um maior compromisso em relação a ele. As práticas indicadas como importantes a serem endereçadas foram:
O Tema A2 – Avaliação com critérios de responsabilidade ambiental para credenciamento de fornecedores e parceiros – obteve as seguintes indicações de práticas:
Dois outros temas tiveram comentários limitados em relação às práticas que deveriam ser realizadas, como o Tema A1 – Redução das emissões de gases do efeito estufa: ir além da adaptação, mitigação e compensação – cuja prática indicada é a seguinte:
O Tema A3 – Promoção de compras sustentáveis com fornecedores locais – também recebeu dois apontamentos, sendo eles:
Como podemos perceber, todos os temas foram debatidos e práticas indicadas como desejáveis de serem aplicadas, sendo o Tema A4 o maior destaque.
As barreiras encontradas para tornar as políticas e as práticas de responsabilidade ambiental uma realidade no segmento de viagens corporativas e eventos estão listadas na sequência:
A2: Avaliação com critérios de responsabilidade ambiental para credenciamento de fornecedores e parceiros. Acolhimento de certificações e selos na área ambiental.
A4: Otimização e eficiência no uso dos recursos naturais, como água e energia de fonte não renovável, utilizados nas operações de seus negócios.
A5: Reuso, reciclagem e descarte correto de resíduos com foco em lixo zero.
A3: Promoção de compras sustentáveis com fornecedores locais.
A1: Redução das emissões de gases do efeito estufa: ir além da adaptação, mitigação e compensação.
A4: Otimização e eficiência no uso dos recursos naturais, como água e energia de fonte não renovável, utilizados nas operações de seus negócios.
A1: Redução das emissões de gases do efeito estufa: ir além da adaptação, mitigação e compensação.
A3: Promoção de compras sustentáveis com fornecedores locais.
A5: Reuso, reciclagem e descarte correto de resíduos com foco em lixo zero.
A4: Otimização e eficiência no uso dos recursos naturais, como água e energia de fonte não renovável, utilizados nas operações de seus negócios.
A2: Avaliação com critérios de responsabilidade ambiental para credenciamento de fornecedores e parceiros. Acolhimento de certificações e selos na área ambiental.
A5: Reuso, reciclagem e descarte correto de resíduos com foco em lixo zero.
A1: Redução das emissões de gases do efeito estufa: ir além da adaptação, mitigação e compensação.
A3: Promoção de compras sustentáveis com fornecedores locais.
O Tema S1 – Realizar ações que promovam a cultura da diversidade e inclusão – foi o que obteve o maior número de comentários dos participantes indicando ações que foram feitas e geraram bons resultados. Isso não é de se admirar, pois o tema da diversidade no ambiente de trabalho entrou para a pauta nas organizações de modo mais estruturado, crítico e com capacidade de torná-la uma realidade. Isso se deve ao crescimento dos movimentos gerados pelos sujeitos presentes nas diferentes dimensões de diversidade: gênero, raça e etnia, orientação sexual, pessoas com deficiência, estética, religião, faixa etária, imigrantes, refugiados e expatriados, como identificam Arbache e Guarani (2020).
Assim, nesse tema, há maior capacidade de discussão e de aumento de conversão do discurso para a prática. O que vemos é que o tema está sendo considerado pelas organizações, e os participantes do evento trouxeram boas práticas que fazem parte do cotidiano delas para serem compartilhados nos grupos de trabalho. As boas práticas citadas são:
Apesar de ter assumido a relevância nas discussões, essa temática é desafiadora, pois solicita uma nova mentalidade para todos que fazem parte da organização, bem como maior complexidade para que a gestão possa realmente praticar a diversidade e inclusão de modo comprometido e constante.
É preciso, por isso mesmo, considerar o avanço da temática nas organizações, mas ressaltar que ainda é preciso percorrer um caminho longo para que ela possa estar presente na maioria das organizações.
Na sequência, o Tema S6 – Criar programas estruturados de trabalho voluntário que contribua com o desenvolvimento das sociedades onde atuam – ganhou destaque nos apontamentos de práticas realizadas com resultados positivos evidentes para os participantes.
O trabalho voluntário, além de estabelecer vínculos entre a organização e as comunidades gerando impacto positivo e auxiliando no crescimento delas, também traz o desenvolvimento de competências comportamentais para as pessoas que atuam nele, pois elas desenvolvem mais empatia, pensamento reflexivo, capacidade de resolução de problemas, comunicação não violenta, entre outras, e promovem o senso de propósito e transcendência tão importantes para a realização profissional.
Os participantes relataram que as organizações já possuem algumas ações consolidadas nesse sentido, como:
Outro tema bastante abordado nas discussões dos grupos de trabalho foi o Tema S2: Promover capacitação para o público interno e externo (fornecedores, moradores locais, parceiros) preparando força de trabalho, fornecedores e empresas parcerias para atuarem frente as demandas advindas do ambiente inovador e altamente tecnológico. Não por acaso, ele ganhou relevância, uma vez que vários participantes apontaram para a escassez de mão de obra para atender às demandas do período pós-pandêmico.
Para alguns deles, não há força de trabalho suficiente para atender a “demanda reprimida” advinda do período pandêmico, como também não há mão de obra qualificada para responder às inovações que transformam o mundo do trabalho e que requerem novas habilidades dos colaboradores e líderes.
Adicionado a isso, as especificidades do segmento, como o trabalho aos finais de semana e feriados, afastam profissionais que estão preferindo modelos de trabalho mais flexíveis que foram consolidados no período de isolamento e já ofertados por diferentes organizações. Essa junção torna a escassez da força de trabalho um tema crítico para os participantes, pois muitos deles não estão conseguindo selecionar e recrutar talentos para vagas abertas nas organizações.
A chamada Agenda Reset Work ou Reskilling Revolution alerta que será preciso requalificar um bilhão de pessoas em todo o mundo para que se possa atender as demandas do mundo pós-pandemia, e que isso somente irá acontecer se houver um esforço coletivo, uma força de coalização entre diferentes stakeholders que viabilize a concretização de políticas e ações para isso (ARBACHE & BOTTEON, 2021).
Isso posto, é preciso trazer à tona as boas práticas que geram resultados positivos nessa agenda e foi isso que os participantes trouxeram, sendo elas:
Junto às ações acima descritas é desejável que as organizações se empenhem em assumir essa agenda de modo efetivo e urgente, caso contrário, a organização sem sustentabilidade poderá ficar sem força de trabalho qualificada para operar, visto que a escassez não ocorre somente no segmento de eventos e viagens corporativas, também está presente em diferentes segmentos do mundo do trabalho, aumentando, assim, a concorrência para buscar os talentos para as vagas em aberto.
O Tema S5 – Contribuir para o bem-estar, saúde e segurança da força de trabalho, refutando quaisquer formas de preconceitos e discriminações, assédio moral e sexual – gerou espaço para discussões importantes em torno da construção de um ambiente de trabalho seguro, que possa promover a saúde e o bem-estar e evitar situações de assédios e discriminações que tornam o ambiente tóxico e nocivo para a boa convivência e a saúde das pessoas.
Esse também é um tema que se destacou pós-pandemia. A saúde mental e o bem-estar entrou para a agenda da área de gestão de pessoas, buscando dar apoio às pessoas após um momento crítico que a humanidade passou e construir um ambiente mais amigável, saudável e respeitoso entre elas. Também é preciso pontuar que o conhecimento a respeito de práticas antiéticas – como os assédios moral e sexual, as discriminações e preconceitos – está mais disseminado e possui, hoje, aparato legal para sustentar medidas punitivas e corretivas. Assim sendo, torna-se ainda maior a importância da educação e da criação de uma cultura voltada para a dignidade humana e as boas relações no ambiente de trabalho. A temática é relevante, pois atua para fortalecer a reputação da organização como boa marca empregadora, captando talentos que têm esses aspectos como relevantes para se candidatarem a uma vaga, como também para mitigar riscos em relação à reputação e passivos que possam ocorrer decorrentes de conflitos éticos como os citados acima.
Por isso, alguns participantes citaram as seguintes práticas que tratam da temática:
O Tema S3 – Praticar relações de trabalho justas e em conformidade com as legislações dos locais onde atuam – foi citado, mas com poucas indicações de práticas realizadas e bons resultados na área. Um dos aspectos comentados foram as mudanças ocorridas nos modelos de trabalho e a necessidade de as legislações acompanharem essas transformações, bem como o impacto que isso proporciona na tomada de decisão dos talentos em escolherem o modelo de trabalho que irão optar no momento de escolherem um trabalho. Essas novas relações de trabalho estiveram também presentes nesse tema.
Entre as ações citadas relativas ao tema estão:
Desse modo, é possível perceber que essa pauta ainda é carente de discussões e realizações.
Por último e não mesmo importante, o Tema S5 – Estar credenciada com certificações e selos na área social: como certificação B, GPTW, ISO 14.000, entre outros – foi abordado de modo limitado pelos participantes. Ele é um tema que mostra como a organização está se comprometendo externamente com a agenda de responsabilidade social, trazendo compromisso e metas que possam ser mensuráveis e auditáveis em alguma medida. Por meio das certificações, selos e credenciamentos as organizações explicitam seus objetivos e buscam maior credibilidade na área. Para que isso aconteça, são necessárias ações estruturadas, gerenciáveis e contínuas, demandando, com isso, maior profissionalismo nas ações. Não por acaso, esse tema foi abordado timidamente, mostrando que é desejável que ele ganhe maior espaço nas discussões e realizações das organizações, pois auxilia na construção da boa reputação corporativa, mostra legitimidade entre intenção e ação, fortalece culturas voltadas para o tema e gera boa reputação para marca empregadora por meio da boa cidadania corporativa.
A única prática citada nessa temática foi:
Embora essa prática seja importante, esse tema poderia ter alavancado as discussões em torno da publicação do balanço social e da análise dos investimentos feitos pela organização, entre outros.
O tema S1 – Realizar ações que promovam a cultura da diversidade e inclusão – novamente é trazido à tona fortemente. A diversidade é um tema recorrente e com práticas mais conhecidas pelos participantes. No entanto, como comentado anteriormente, é preciso que ele seja tratado com maior compromisso, tendo em vista objetivos e metas mensuráveis que possam garantir uma aplicação legítima e crescente das políticas e práticas de diversidade e inclusão nas organizações.
Ao tratarem da temática, os participantes indicaram as seguintes práticas:
Dois temas foram bastante abordados na sequência. O primeiro deles foi o tema S2 – Promover capacitação para o público interno e externo –, que assumiu importância nas discussões e, a respeito dele, os participantes informaram as seguintes ações:
Mesmo com essas ações, o tema ainda exige esforço maior para atender à demanda de força de trabalho qualificada para a área. É preciso, como dito acima, um esforço de coalizão entre diferentes stakeholders, e algo que não vemos sendo apontado com clareza nesse sentido.
Juntamente ao tema acima, foi citado o Tema S6: Criar programas estruturados de trabalho voluntário que contribua com o desenvolvimento das sociedades onde atuam. Os participantes trouxeram as seguintes ações correspondentes a ele:
Apesar de presente, é desejável que o tema seja trabalhado de modo estruturado e com maior estratégia dentro das organizações, direcionando programas a áreas onde possa ocorrer impacto positivo para as comunidades e causas beneficiadas pelo trabalho voluntário, como também para a organização e sua reputação.
Por último, foi discutido de modo limitado o Tema S3: Estar credenciada com certificações e selos na área social: como certificação B, GPTW, ISO 14.000, entre outros. Foram trazidas à tona como práticas a busca por certificações na área, além de:
É necessária a maior adequação das práticas já realizadas frente aos requisitos das certificações, pois, para alguns dos participantes, as organizações já fazem ações de responsabilidade social, mas elas não estão elencadas para processos de certificações. Não foram abordadas outras práticas, o que mostra que o tema precisa ganhar maior atenção nas organizações.
Os demais Temas, S4 e S5, não foram citados pelos participantes, evidenciando que as ações em relação a eles precisam ser tracionadas e receber maior dedicação nas organizações.
Aqui, o Tema S1 – Realizar ações que promovam a cultura da diversidade e inclusão – ganha destaque, no entanto, sob a perspectiva contrária, mostrando que o caminho para a sua consolidação nas organizações precisa ser percorrido com maior celeridade e comprometimento. É desejável que ocorra uma gestão atenta às estratégias e demandas da organização para que ações planejadas se consolidem e sejam tratadas com constância e coerência tanto em relação ao público interno, como externo. O recrutamento afirmativo, a contratação de fornecedores, os programas de progressão, a criação de uma cultura alinhada à diversidade e à inclusão são alguns dos exemplos de práticas que precisam ser planejadas e gerenciadas continuamente, para que seus resultados possam ocorrer positivamente. Não são ações pontuais e granulares que irão tornar essa pauta presente e passível de resultados legítimos e contributivos para as organizações e a sociedade onde elas atuam.
Os participantes indicaram que as práticas que seguem deveriam ser feitas:
Do mesmo modo, o Tema S2 – Promover capacitação para o público interno e externo (fornecedores, moradores locais, parceiros) preparando força de trabalho, fornecedores e empresas parceiras – se fez presente nas discussões desse item. Como é uma agenda robusta e necessária de ser considerada pelas organizações de modo estratégico e sistemático, nem sempre ela recebe essa atenção, ficando restrita também a práticas isoladas, com pouco esforço de coalização. O que ocorre, muitas vezes, são práticas reativas para abastecer uma demanda específica da organização a curto prazo, em vez de promover uma cultura de aprendizado contínuo e necessário para os talentos no século XXI.
As práticas indicadas pelos participantes para abastecer essa temática são:
O Tema S6 – Criar programas estruturados de trabalho voluntário que contribua com o desenvolvimento das sociedades onde atuam – esteve de voltas nas discussões dos participantes, demandando ações como:
Os Temas S3, S4 e S5 não foram objeto de discussão nesse item.
Os fatores dominantes que criam barreiras e impedem as boas práticas de responsabilidade social no setor de eventos e viagens corporativas foram:
Os debates trazidos em relação à responsabilidade social mostram que é preciso uma intenção genuína e investimento comprometido de acionistas e lideranças para patrocinar políticas e práticas nessa área.
É preciso ir além do discurso saturado em alguns temas e avançar para construção de objetivos claros, metas atingíveis, monitoramento constante da evolução das ações e transparência nos resultados atingidos. A crescente importância do capitalismo de stakeholders demonstra que todos devem ser chamados para abastecer a pauta de responsabilidade social. Por isso mesmo, ela se concretizará se houver um esforço coletivo.
No Brasil, esse tema merece ainda maior atenção das organizações, uma vez que é evidente o contraste social que vivemos e, dependendo da região onde elas operam, os desafios só serão transpostos se houver ação coletiva empenhada para isso.
S1: Realizar ações que promovam a cultura da diversidade e inclusão.
S6: Criar programas estruturados de trabalho voluntário.
S2: Promover capacitação para o público interno e externo.
S5: Contribuir para o bem-estar, saúde e segurança da força de trabalho, refutando quaisquer formas de preconceitos e discriminações, assédio moral e sexual
S3: Praticar relações de trabalho justas e em conformidade com as legislações dos locais onde atuam.
S5: Estar credenciada com certificações e selos na área social: como certificação B, GPTW, ISO 14.000 entre outros, foi abordado de modo limitado pelos participante
S1 Realizar ações que promovam a cultura da diversidade e inclusão. (dimensões: gênero, raça, etária, PCD, orientação sexual, refugiados, entre outros) para o público de relacionamento, com medidas formativas e corretivas.
S6: Criar programas estruturados de trabalho voluntário que contribua com o desenvolvimento das sociedades onde atuam
S3: Estar credenciada com certificações e selos na área social: como certificação B, GPTW, ISO 14.000 entre outros
S1: Realizar ações que promovam a cultura da diversidade e inclusão (dimensões: gênero, raça, etária, PcD, orientação sexual, refugiados, entre outros) para o público de relacionamento, com medidas formativas e corretivas.
S2 Promover capacitação para o público interno e externo (fornecedores, moradores locais, parceiros) preparando força de trabalho, fornecedores e empresas parcerias para atuarem frente as demandas advindas do ambiente inovador e altamente tecnológico.
S6: Criar programas estruturados de trabalho voluntário que contribua com o desenvolvimento das sociedades onde atuam
Discussão G: Governança Corporativa ResponsávelG1: Instalação de conselho administrativo e consultivo com diversidade e inclusão.
G2: Constituição de área de compliance e de gestão ética aplicada para público interno e externo. Disseminação da missão, visão e valores da empresa, código de ética, medidas disciplinares e instalação de comitê de ética. Compartilhar valor com os stakeholders.
G3: Proceder boas práticas de negociação, contratação justa de fornecedores e combater a concorrência desleal, a corrupção, o suborno, lavagem de dinheiro e fraudes financeiras.
G4: Favorecer ações que promovam a confiança e boa reputação da marca e o seu monitoramento, com atenção aos riscos e oportunidades em relação aos diferentes públicos de relacionamento e ambientes onde atuam, presencial ou virtualmente.
G5: Realizar a publicação honesta e transparente dos registros e relatórios financeiros da empresa quando requisitada pelas legislações e requisitos dos locais onde atuam.
O legado desastroso de governanças irresponsáveis que colocaram o lucro acima de tudo trouxe para o ambiente dos negócios a noção de que não era possível fazer o usual, era preciso repensar a forma de atuar e inserir estratégias e ações que considerem os impactos positivos e negativos que os negócios deixam por onde passam.
O Tema G2 – Constituição de área de compliance e de gestão ética aplicada para público interno e externo – obteve majoritariamente a indicação dos participantes como sendo feito e que gera bons resultados para os negócios.
Isso não se deve por acaso, visto que a constituição de uma área de compliance (to comply” – cumprir, obedecer) ativa e de gestão ética gera segurança para a organização, promovendo o alinhamento de processos internos e o cumprimento de leis, normas, regulamentações relativas aos negócios e suas operações, para os diferentes stakeholders, internos e externos.
Com uma área ativa, é possível fazer a prevenção de riscos como fraudes, abusos, discriminações, lavagem de dinheiro, corrupção, suborno, propina, entre outros dilemas. A área pode nortear as atuações do público de relacionamento em relação às normas estabelecidas, gerando maior controle e criando a cultura de conformidade. Ela é aliada da sustentabilidade da organização e visa resguardar a boa reputação da marca. Junto à conformidade de leis e normas, estão todos os aparatos relativos à gestão de sustentabilidade ética da organização, como a declaração de missão, visão e valores, o código de ética disponível em canais públicos, o comitê de ética constituído, canais de denúncia independentes, medidas disciplinares alinhadas com a área jurídica e conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados, entre outros elementos.
Ao tratarmos de ESG, a área de compliance é essencial para garantir que a organização esteja em conformidade com leis e normas, preocupa-se em mitigar riscos na área e criar uma cultura sólida em relação a procedimentos legais e éticos.
Essa área dissemina as políticas anticorrupção, a estrutura de comitês, os processos, políticas e procedimentos, como também auditorias externas, treinamento antissuborno, conformidade com valores éticos e tomadas de decisões entre matriz e filiais de acordo com a conformidade.
Observa-se que o tema G1 – Instalação de conselho administrativo e consultivo com diversidade e inclusão – obteve atenção por parte dos grupos de trabalho. A diversidade é um tema muito disseminado e de conhecimento dos participantes, porém, foi na governança corporativa que o tema ganhou repercussão. Isso se deve à escassez de representação das diferentes dimensões de diversidade nos conselhos administrativo, fiscal ou consultivo das organizações.
Os participantes trouxeram para o debate o encaminhamento que as organizações estão dando ao tema, como, por exemplo, se já estão formando lideranças vindas das dimensões de diversidade, para assumirem como conselheiros no futuro.
Como práticas citadas em relação ao tema estiveram:
Depois disso, o Tema G3 – Proceder boas práticas de negociação, contratação justa de fornecedores e combater a concorrência desleal, a corrupção, o suborno, lavagem de dinheiro e fraudes financeiras – não recebeu maior atenção nas discussões, embora importante para as diretrizes ESG, que atua no chamado capitalismo de stakeholders, ou em português “capitalismo das partes interessadas”, que busca criar valor a longo prazo. Nessa concepção, as organizações não somente otimizam seus lucros, mas buscam criar valor para todos os seus stakeholders e a sociedade em geral. Assim não está em foco o lucro pelo lucro, mas o lucro com o impacto possível para todos, onde não cabem mais as relações ganha-perde (ARBACHE, 2022a). No entanto, houve discussão limitada, onde foi citado somente:
É evidente a escassez de práticas que possam abastecer essa temática e criar uma relação efetiva do que se entende por capitalismo de stakeholder.
Vale destacar que os Temas G4 e G5 não obtiveram registros de discussões pelos participantes. Sendo assim, não houve evidências de discussões e práticas que pudessem estar presentes neste manual. Não obstante, são temas importantes para a governança comprometida com as diretrizes ESG, uma vez que ambos estão intimamente relacionados a transparência, credibilidade e confiança que a organização compartilha com a sociedade onde atua, bem como demonstra a sua boa governança corporativa, construindo uma marca com boa reputação.
Novamente, o tema G2 – Constituição de área de compliance e de gestão ética aplicada para público interno e externo – destacou-se como o tema mais citado como sendo feito. Isso indica a maior preocupação e atenção das organizações com a temática, principalmente por envolver aspectos mandatórios para que a organização possa operar. Por ter em grande parte de seu escopo um caráter compulsório, muitos dos elementos que compõem o tema são imprescindíveis de serem aplicados e, por isso, recebem prioridade na pauta da governança. Além disso, o tema está intrinsecamente relacionado aos riscos que podem ocorrer caso as leis não sejam cumpridas, bem como à impressão passada a seu público de relacionamento.
Por tudo isso, o tema assumiu relevância nos debates, e os participantes apontaram como ações implementadas:
Na sequência, o Tema G1 – Instalação de conselho administrativo e consultivo com diversidade e inclusão – foi citado brevemente, indicando somente uma citação no que tange a ele:
Desse modo, a discussão breve mostra que a aplicação do tema ainda é carente e necessita de empenho para que se efetive.
Os Temas G3, G4 e G5 não obtiveram registros de discussões e boas práticas, demonstrando que ainda não assumem relevância para aplicação nas realidades nas quais os participantes atuam e, com isso, necessitam de maior interesse e comprometimento das organizações para se tornarem concretos em suas governanças.
Não por acaso, o tema G3 –Proceder boas práticas de negociação, contratação justa de fornecedores e combater a concorrência desleal, a corrupção, o suborno, lavagem de dinheiro e fraudes financeiras – foi amplamente discutido e registrado pelos participantes, indicando a grande necessidade de sua aplicação na governança das organizações. Isso mostra a coerência com que os participantes discutiram o tema e traz à tona aspectos críticos que fazem parte dessa pauta, como é o caso da concorrência desleal, deixando claro como esse modo de proceder está presente nas negociações.
A temática é crítica e importante, pois trata da falta de aplicação de valores como a transparência, a honestidade, a credibilidade, que são fundamentais para estabelecer uma governança com base em ESG. Por isso, é preciso se debruçar nela e construir um novo modelo de relacionamento com os stakeholders, estabelecendo normas e condutas desejáveis e condizentes com o que é orientado pelas diretrizes ESG. É certo que não é uma tarefa fácil e óbvia mover para uma cultura focada na lealdade e na transparência e conter os vícios e padrões negativos em negociações que ainda se fazem presentes. Com efeito, as organizações que realmente querem assumir uma governança ESG precisam sair da retórica e passar a se orienta por vias práticas de negociação e contratação justa de fornecedores. O contrário disso é “fake ESG”.
Um aspecto bastante comentado pelos participantes é a contratação de fornecedores de pequeno e médio porte que são submetidos aos mesmos critérios de grandes fornecedores, tendo que sucumbir a prazos de pagamento que podem gerar a insustentabilidade do negócio. Além disso, devem preencher registros longos e muitas vezes em outra língua para poderem ser cadastrados como fornecedores em algumas organizações, tornando inviável a suas participantes em possíveis negociações. Esses e outros exemplos foram citados em relação ao Tema G3.
É certo que, para mudar esse cenário e tornar esse tema presente na governança das organizações, demandará de coragem, determinação e disciplina das lideranças, como também um esforço de coalização junto aos stakeholders. Entre as práticas que foram exemplificadas em relação a isso estão:
Cabe considerar que o tema G2 – Constituição de área de compliance e de gestão ética aplicada para público interno e externo –, apesar de ter sido o mais citado como feito e com bons resultados, aparece aqui em segundo lugar como não é feito, mas deveria ser. Isso se deve pelo tema ser fundamental para que a organização possa atuar, estando em conformidade com as legislações e normas do segmento e sociedades onde opera, como também, em alguns casos, ser critério para aprovação em processos de concorrência e contratação. No limite, também coloca em risco a reputação da organização, deixando-a vulnerável e precarizando sua atuação junto aos acionistas e consumidores.
Os participantes abordaram como necessário para atender esta temática:
Aqui, o tema G1 – Instalação de conselho administrativo e consultivo com diversidade e inclusão – foi citado somente uma vez. Seu registro está pautado na necessidade da criação de objetivos bem definidos para que a governança possa promover a representação da diversidade no conselho. Nesse ponto, mostra-se que é preciso estabelecer na organização uma política de diversidade e inclusão que esteja atenta ao processo de desenvolvimento dos profissionais de diferentes dimensões de diversidade, oportunizando seu crescimento e capacitação para que estejam aptos a assumir as responsabilidades demandadas pelo conselho.
Como as organizações atuam dentro de um contexto socioeconômico e cultural, as discussões em relação à governança também devem incluir esse cenário. Não há um deslocamento nessa relação e, por isso, esses aspectos impactam sobretudo no modo como as organizações atuam.
Em sociedade mais maduras e abastecidas economicamente, é possível trazer evidências de que as organizações e seus stakeholders já atuam tendo as diretrizes de governança ESG no cerne de suas tomadas de decisões (ARBACHE, 2012).
Nelas, há aparato legislativo e de fiscalização que estão devidamente organizados e orientam políticas e práticas que devem ser seguidas pelas organizações, estabelecendo limites e punições em caso de desobediência. Para que isso ocorra, todos devem ter clareza do que pode e deve ser feito e, com isso, o alinhamento de todos os stakeholders envolvidos se torna praticamente mandatório.
Justamente por isso, há acionistas e líderes preparados para alinhar estratégias de negócios às metas ESG, bem como profissionais com capacidade de realizar projetos e criar produtos coadunados com as diretrizes, fornecedores preparados para abastecerem cadeias e regiões e consumidores mais conscientes e que têm como critério de decisão de compra as diretrizes ESG.
No entanto, como vimos nas análises acima, as discussões mostram que ainda temos um caminho que demandará esforço de todos. Elas mostraram que pontos essenciais para que a governança ESG possa ocorrer ainda não foram atendidos e, por isso, não geram potência para tracionar nem o público interno nem o público externo. É necessário um empenho intensivo nesse sentido, por isso, as barreiras trazidas pelos participantes criam essa distância inconveniente entre o que é desejável e o que existe em termos de governança.
Também traz à tona o risco em se relatar práticas ESG sem realmente estarem sendo feito na organização, ou feitas somente para “parecer ESG”, ocorrendo o chamado “fake ESG”.
Como barreiras citadas estão:
Portanto, parece óbvio que, se a primeira barreira não for ultrapassada, a governança corporativa não abrirá espaço para a adoção de um novo modelo de governança acionado pelas diretrizes ESG. Acionistas, conselheiros, líderes e profissionais precisam aportar habilidades para promover o crescimento desse modelo nas organizações, sendo criadores de uma nova cultura capaz de realmente colocar em prática a boa governança corporativa que traz impacto positivo tanto para os negócios quanto para a sociedade.
G2: Constituição de área de compliance e de gestão ética aplicada para público interno e externo. Disseminação da missão, visão e valores da empresa, código de ética, medidas disciplinares e instalação de comitê de ética. Compartilhar valor com os stakeholders.
G1: Instalação de conselho administrativo e consultivo com diversidade e inclusão.
G3: Proceder boas práticas de negociação, contratação justa de fornecedores e combater a concorrência desleal, a corrupção, o suborno, lavagem de dinheiro e fraudes financeiras.
G2: Constituição de área de compliance e de gestão ética aplicada para público interno e externo. Disseminação da missão, visão e valores da empresa, código de ética, medidas disciplinares e instalação de comitê de ética. Compartilhar valor com os stakeholders.
G1: Instalação de conselho administrativo e consultivo com diversidade e inclusão.
G3: Proceder boas práticas de negociação, contratação justa de fornecedores e combater a concorrência desleal, a corrupção, o suborno, lavagem de dinheiro e fraudes financeiras.
G2: Constituição de área de compliance e de gestão ética aplicada para público interno e externo. Disseminação da missão, visão e valores da empresa, código de ética, medidas disciplinares e instalação de comitê de ética. Compartilhar valor com os stakeholders.
G1: Instalação de conselho administrativo e consultivo com diversidade e inclusão.
Para que todo o ecossistema seja beneficiado e aliado nessa jornada, a comunicação ESG deve facilitar o encontro da oferta e da demanda, gerando vínculos verdadeiros, criando oportunidades e acelerando a evolução da agenda sustentável nos negócios.
De fato, a discussão a respeito da comunicação com foco em ESG é imprescindível para que se estabeleçam uma cultura com maior solidez e uma marca cada vez mais desejada pelos clientes, parceira da sociedade e bem avaliada pelos investidores.
O Tema C1 – Práticas legítimas de comunicação para o público interno e externo das diretrizes e ações voltadas para ESG, alinhando os stakeholders em uma narrativa e rede de valor compartilhado – foi o amplamente discutido pelos participantes que, na ocasião, apresentaram as seguintes práticas a respeito:
Tudo isso mostra que os participantes reconhecem as ações voltadas para a comunicação e conseguem trazê-las para o compartilhamento com alguma propriedade. Isso é importante para o aumento de maturidade no trato do tema.
Para avançar, o segundo tema mais abordado pelos participantes foi o Tema C3:
Registrar e publicar relatórios de sustentabilidade e financeiros honestos, alinhados a padrões internacionais e aceitos globalmente, que permitam a rastreabilidade, monitoramento, auditoria dos informes das empresas (por exemplo, GRI).
Assim como nós, em nossos papéis de consumidores, as demais pessoas também querem informações compreensíveis a respeito dos impactos gerados por suas escolhas, acessibilidade, preservação ambiental, respeito à cultura local, cuidado com os resíduos gerados, o compromisso com uma cadeia produtiva limpa e sustentável, o apoio efetivo ao emprego e à renda nos locais onde as empresas atuam, a preservação da biodiversidade e o acolhimento à diversidade.
Não por acaso, o Tema C3 ganhou um certo destaque nas discussões dos participantes, que trouxeram as seguintes práticas para serem compartilhadas:
O Tema C2 – Gestão de riscos sistêmicos relacionados a comunicação nos diferentes canais, buscando zelar pela reputação da empresa, bem como ativar a marca junto aos consumidores que têm as diretrizes ESG como valor para a tomada de decisão – recebeu somente um apontamento, sendo este direcionado para:
Vale destacar que os Temas C4 e C5 não estiveram presentes nas discussões dos participantes neste item.
Ao que parece, há a preocupação de algumas organizações de apresentar suas diretrizes, ações e resultados para a sociedade, e isso é importante para fomentar o compromisso efetivo em relação à agenda e tracionar o segmento para essa direção. Além de tornar a comunicação organizada e transparente, favorece o acompanhamento das ações e resultados ajudando a avaliar a efetividade das diretrizes e gerar credibilidade e confiança nos consumidores que querem se aliar a marcar responsáveis e de boa cidadania corporativa.
De partida, temos o Tema C1 – Práticas legítimas de comunicação para o público interno e externo das diretrizes e ações voltadas para ESG, alinhando os stakeholders em uma narrativa e rede de valor compartilhado –, que recebeu a maior atenção dos participantes neste item. Interessante, mostrando a tendência de sua importância nas organizações e sua forte presença na pauta da comunicação ESG. Os participantes citaram as seguintes ações que estão sendo feitas, mas ainda não constam evidências de seus resultados:
Neste item, o Tema C2 – Gestão de riscos sistêmicos relacionados à comunicação nos diferentes canais, buscando zelar pela reputação da empresa, bem como ativar a marca junto aos consumidores que têm as diretrizes ESG como valor para a tomada de decisão – teve a atenção dos participantes que indicaram a prática a seguir:
Do mesmo modo o Tema C4 – Participar de iniciativas públicas e de coalizão que disseminem as diretrizes ESG no setor auxiliando na criação de um ecossistema confiável, contributivo e inovador – foi tratado pelos participantes, que abordaram estas ações:
Como se vê, os Temas C2 e C4 ainda demandam maior efetivação nas políticas e práticas das organizações.
Isso também pode ser dito do Tema C3: Registrar e publicar relatórios de sustentabilidade e financeiros honestos, alinhados a padrões internacionais e aceitas globalmente, que permitam a rastreabilidade, monitoramento, auditoria dos informes das empresas (por exemplo, GRI). Ele recebeu somente uma indicação de prática na área:
É flagrante a evidência que o Tema C1 – Práticas legítimas de comunicação para o público interno e externo das diretrizes e ações voltadas para ESG, alinhando os stakeholders em uma narrativa e rede de valor compartilhado – obteve neste item. Ele também recebeu a maior atenção em relação às ações feitas e com bons resultados, mas aparece aqui como prática que não é feita, mostrando que ainda há um caminho a ser percorrido para que essa pauta possa ser realidade em algumas organizações.
O que foi apontado pelos participantes foi o seguinte:
De fato, há muito a ser feito em torno da comunicação nas organizações e os pontos acima mostram que os participantes possuem conhecimento para colaborar com a concretização dessa pauta em suas realidades.
O Tema C4 – Participar de iniciativas públicas e de coalizão que disseminem as diretrizes ESG no setor auxiliando na criação de um ecossistema confiável, contributivo e inovador – obteve comentários e foram indicadas as seguintes ações:
Por último e não mesmo importante, o Tema C3 – Registrar e publicar relatórios de sustentabilidade e financeiros honestos, alinhados a padrões internacionais e aceitas globalmente, que permitam a rastreabilidade, monitoramento, auditoria dos informes das empresas (por exemplo, GRI) – recebeu a atenção dos participantes, mas mostrou a escassez de práticas a esse respeito, obtendo duas indicações:
Os demais Temas, C2 e C5, não foram tratados pelos participantes neste item.
Não foram poucas as barreiras trazidas pelos participantes ao tratarem da comunicação. Grande parte delas aborda a necessidade de mudança de mindset, coerência entre o que faz e o que se divulga, como também maior clareza e entendimento ao que isso diz respeito. Como se vê, não será fácil instalar uma agenda de comunicação pautada nas diretrizes ESG se esses três pontos acima não forem muito bem trabalhados nas organizações.
Não se pode comunicar o que não se sabe, ou comunicar o que não se faz. Por isso, o tema da comunicação merece destaque e comprometimento da organização, tornando-a uma grande aliada das práticas ESG para a marca e seus stakeholders.
No entanto, há evidências de que é preciso melhorar a respeito disso, e os participantes elencaram as seguintes barreiras que têm impedido que a comunicação possa ser considerada desse modo:
A ideia de trazer a comunicação para o debate em relação a ESG não é por acaso. Nela, estão inseridas as oportunidades e os riscos que essa agenda detém. Para aproveitar o melhor que as diretrizes ESG oferecem é necessário atuar com coerência, consistência e congruência a partir do propósito do negócio, o que significa exercitar alinhamento entre narrativa e prática; atuar na verdade e no momento da empresa, na genuinidade das ações para além do cumprimento legal/compulsório, numa proposta ganha-ganha em prol de um mundo regenerativo, equânime e inclusivo.
Com isso, é relevante compreendermos que, para que todo o ecossistema seja beneficiado e aliado nessa jornada, a comunicação ESG deve ser transparente, confiável e legítima, facilitando o encontro da oferta e demanda, gerando vínculos verdadeiros, criando oportunidades e acelerando a evolução da agenda sustentável nos negócios.
Vale ressaltar que tudo começa no público interno, que, uma vez ciente, sensibilizado e engajado na agenda ESG, amplia sua consciência sobre condutas coerentes, traçando estratégias, projetos e ações alinhadas.
Desde os comunicados internos, trilhas de aprendizagem, campanhas de marketing, políticas corporativas até os documentos destinados a fornecedores, todos os conteúdos devem estar conectados a essas diretrizes para maior tração, performance, autoridade e reputação frente aos indicadores ESG.
C1: Práticas legítimas de comunicação para o público interno e externo das diretrizes e ações voltadas para ESG, alinhando os stakeholders em uma narrativa e rede de valor compartilhado. C3: Registrar e Publicar relatórios de sustentabilidade e financeiros honestos, alinhados a padrões internacionais e aceitas globalmente, que permitam a rastreabilidade, monitoramento, auditoria dos informes das empresas (por exemplo GRI). C1: Práticas legítimas de comunicação para o público interno e externo das diretrizes e ações voltadas para ESG, alinhando os stakeholders em uma narrativa e rede de valor compartilhado. C4: Participar de iniciativas públicas e de coalizão que disseminem as diretrizes ESG no setor auxiliando na criação de um ecossistema de confiável, contributivo e inovador. C2:Gestão de riscos sistêmicos relacionados a comunicação nos diferentes canais, buscando zelar pela reputação da empresa, bem como ativar a marca junto aos consumidores que têm as diretrizes ESG como valor para a tomada de decisão. C3: Registrar e Publicar relatórios de sustentabilidade e financeiros honestos, alinhados a padrões internacionais e aceitas globalmente, que permitam a rastreabilidade, monitoramento, auditoria dos informes das empresas (por exemplo GRI). C1: Práticas legítimas de comunicação para o público interno e externo das diretrizes e ações voltadas para ESG, alinhando os stakeholders em uma narrativa e rede de valor compartilhado. C2:Gestão de riscos sistêmicos relacionados a comunicação nos diferentes canais, buscando zelar pela reputação da empresa, bem como ativar a marca junto aos consumidores que têm as diretrizes ESG como valor para a tomada de decisão. C3: Registrar e Publicar relatórios de sustentabilidade e financeiros honestos, alinhados a padrões internacionais e aceitas globalmente, que permitam a rastreabilidade, monitoramento, auditoria dos informes das empresas (por exemplo GRI).
O exame feito a partir da dinâmica World Café mostra que há avanços e que organizações já estão na jornada de aplicação das diretrizes ESG no contexto de viagens e eventos corporativos. As evidências disso vieram à tona e foram compartilhadas, auxiliando na divulgação desses dados e influenciando os participantes do evento. Em contrapartida, todas as dimensões de ESG e a Comunicação para as diretrizes ESG tiveram grande quantidade de indicação de práticas que precisam ser feitas e barreiras que necessitam ser ultrapassadas pelas organizações para que possam realmente traspor o discurso e evoluir em práticas e resultados.
As diretrizes ESG não podem ser tratadas isolada e esporadicamente, elas requerem uma gestão comprometida, constante, coerente e consistente. Sem isso, não terão legitimidade, estarão soltas e não trarão os resultados positivos para as marcas. Hoje, vivemos em um ambiente altamente tecnológico que faz que a comunicação seja distribuída em segundos. Isso deixa transparentes práticas oportunistas e mal-intencionadas. Também há consumidores mais preparados para buscar experiências em eventos e viagens que não estejam atreladas a práticas fraudulentas, corrupção, que agridem o meio ambiente e que não consideram as pessoas e as sociedades.
Por tudo isso, é preciso equacionar desenvolvimento sustentável com crescimento econômico, colocar o lucro e o propósito positivo no mundo dos negócios em eventos e viagens corporativas e para isso será preciso: coragem, ambição, audácia, inovação e coalizão!